Jurimetria: conceito, bases e aplicação jurídica

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23/02/2023

Adriana Garibe

Primeiramente convém explicar o que significa jurimetria. Trata-se de um campo interdisciplinar que aplica métodos quantitativos e estatísticos para analisar dados. Esses métodos são usados para entender padrões, tendências e correlações nos dados, e podem ser aplicados em uma variedade de áreas, incluindo a tomada de decisões judiciais, análise de políticas públicas e análise de risco em empresas. É frequentemente utilizada em conjunto com outras disciplinas, como o direito, a economia e a ciência política. A jurimetria se pauta em três pilares, quais sejam: a) gestão pública: através da análise de dados é possível compreender a realidade da sociedade a fim de elaborar leis mais adequadas; b) decisão judicial: a partir da análise estatística as decisões podem ser tomadas considerando verdadeiramente os fatos e dados concretos.

Sabemos que que o mundo jurídico está sendo drasticamente alterado pelo uso da tecnologia. Muito se tem discutido sobre como o uso da inteligência artificial na advocacia, se ele ajuda efetivamente ou traz um fim para a profissão. Não acredito na extinção da atividade jurisdicional, pois o olhar humano jamais poderá ser substituído pela tecnologia, mas acredito em uma mudança completa na forma de operação do Direito. Os operadores do Direito, em todos os níveis e jurisdições, deverão encontrar um verdadeiro equilíbrio entre a atividade intelectual e a atividade operacional. Não basta mais entender de leis, é preciso entender de sistemas. Não existe mais divisão entre as áreas de humanas e exatas, prova disto é a jurimetria.   

A aplicação da jurimetria no Direito, a meu ver, traz mais benefícios que malefícios, à medida que se apresenta como uma solução à sobrecarga jurisdicional ao trazer a possibilidade de otimizar tarefas mecânicas e antecipar tendências judiciais. As ciências exatas se mostram verdadeiros aliados que possibilitam maior organização e projeção de demandas, através, por exemplo, dos processos eletrônicos, audiências virtuais, entre outros, deixando para os operadores do Direito a verdadeira atividade intelectual. Todavia, 95% dos advogados brasileiros não utilizam quaisquer ferramentas de jurimetria, conforme constatado por uma pesquisa realizada em setembro de 2019 pela Turivius, em colaboração com a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), o que revela que, embora muito se fale sobre as mudanças jurídicas na era digital, na prática, o Direito ainda caminha a passos muitos lentos.

Por isso, o objetivo desta leitura é despertar, principalmente nos operadores do Direito, a consciência de que é preciso se adequar à era digital urgentemente e verdadeiramente e entender que o Direito Digital não se apresenta como um ramo individual e separado dos demais e está intrinsecamente ligado a toda e qualquer área jurídica.

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